sábado, 19 de setembro de 2009

A Voz do Nada


Eu não sei o que é! Uma voz que me azucrina, que me entorta a cabeça... com absurdos, e eu segurando minha boca carregada de fel, para não ser visto gritando sozinho feito um louco. Chico, teus poemas adquirem novos significados, motivo pelo qual são eternos, mas a intenção não é falar de Chico Buarque, ou do Jasão dele – que pode ser a gota d’água, mas sim do significado, em outras palavras, da origem dessa voz que me azucrina.

A voz veio de longe, como se fosse de outro planeta. Até acho eu que veio mesmo de outro planeta. Algo fora de órbita. A voz não falava exatamente a língua da gente. Sim, na maioria das vezes eu entendia o que essa voz dizia, mas certos momentos eram incompreensíveis. Não reconheci sotaque estrangeiro, nenhum... e sempre aquela incerteza das suas palavras. Acho que era isso, sempre aquele tom de dúvida, me passando insegurança em um momento tão delicado em minha vida.
Se estou relatando isso a vocês, é por que estou em casa em plena segunda-feira, não é folga, é desemprego. Enrolado num cobertor de lã do mesmo modo que o cachecol esta enrolado no meu pescoço. Eu, o cobertor, o micro e a voz. Essa caralha dessa voz que me atordoa. Eu queria saber a origem disso. Fico aqui wondering... cheguei ao estágio máximo da loucura, da insanidade, vozes me perturbando... aliás, voz. É uma, única. A voz que atordoa meu silencio. Vem num rompante, como um raio em meio a uma tempestade, mas não vai embora, fica verborrageando os mais inacreditáveis pensamentos me tirando do sério, me tirando de dentro do cobertor para gesticular para o vazio. Sozinho, gesticulando e argumentando com o nada. No entanto o nada para mim existia.
Sabe aqueles sininhos de sessão de umbanda? Não? Mas sabe como é aquele barulhinho estridente que penetra no ouvido, sem dó, sem gel, rasgando, destruindo os tímpanos numa estocada só. Assim era a voz, estridente e sem nexo. Difícil identificar o que mais incomodava pois a junção da falta de nexo com o barulhinho era perturbador.
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